quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

IMPRESSÕES DE LEITURA: MACUNAÍMA


(Macunaíma, de Mario de Andrade)


     Macunaíma, obra de Mario de Andrade, conta a história do índio Macunaíma, um personagem que representasse  o povo brasileiro e todas  suas peculiaridade, boas ou más, diferente do índio dócil e puro de Caminha e Alencar. Este herói passa por uma intempérie no decorrer do livro, que representam as dificuldades e os sofrimentos que o povo brasileiro enfrentou e enfrenta na vida. E, como brasileiro, este herói sempre dá um jeitinho para escapar de suas traquinagens.
     Macunaíma é, portanto uma tentativa de reconstrução do retrato do Brasil. Essa tentativa não era nova. José de Alencar, autor romântico,  já intentara ao criar no romance “O Guarani” o personagem Peri, erigindo o índio como o mito do bom selvagem. Mario de Andrade, se opõe, traçando para esse herói um perfil de uma figura carnavalizada para mostrar as raízes brasileiras, os seus costumes e suas crenças. Não é exagero dizer, se compararmos Peri a Macunaíma que esse é o oposto daquele. Enquanto o primeiro é valente e extremamente perseverante, Macunaíma, além de indolente, malandro, preguiçoso,  conduz a maioria de seus atos movido pelo prazer terreno, mundano. É “o herói sem nenhum caráter”.
      Macunaíma é pintado do que é mais baixo, mais vil, mais irônico, é um herói passado a limpo, mas apesar de ter um lado peralta, torto, malandro, traz também o seu lado respeitoso, reverenciando sua cultura ao participar das festas e danças tradicionais.
      Macunaíma é um personagem do perfil brasileiro, oriundo de 03 raças distintas: o índio, o negro e o branco.
     A cena em que Macunaíma e seus dois irmãos se banham na água que embranquece pode ser entendida como o símbolo das três etnias que formaram o Brasil: o branco, vindo da Europa; o negro, trazido como escravo da África; e o índio nativo. Nessa cena, Macunaíma é o primeiro a se banhar e torna-se loiro. Jiguê é o segundo, e como a água já estava “suja” do negrume do herói, fica com a cor de bronze (índio); por último, Manaape, que simboliza o negro, só embranquece a palma das mãos e a sola dos pés.


     Por tratar-se de uma narrativa mítica, o tempo e o espaço da obra não estão precisamente definidos, tendo como base a realidade. Pode-se dizer apenas que o espaço é prioritariamente o espaço geográfico brasileiro, com algumas referências ao exterior, enquanto o tempo cronológico da narrativa se mostra indefinido.

Macunaíma é uma obra que busca sintetizar o caráter brasileiro, segundo as convicções da primeira fase modernista. Uma leitura possível é a de que o povo brasileiro não tem um caráter definido e o Brasil é um país grande como o corpo de Macunaíma, mas imaturo, característica que é simbolizada pela cabeça pequena do herói. 

Bibliografia:
ANDRADE, Mario de. Macunaíma. Rio de Janeiro: Agir Editora Ltda, 2007.

Um comentário:

  1. Eu só pude analisar o real valor de Magali, minha colega no curso de Letras, porque conversamos muito no Messenger. (Eu aprendi muito com ela, espero que ela não abandone o Messenger. Ao contrário do que se pensa, Internet foi criada para as pessoas brilhantes, que querem aprender e repassar conhecimento, e Magali sabe disso. Ela sabe separar o joio do trigo.)

    Valor como pessoa batalhadora, de fibra, que sabe o que quer e como deve fazer para conseguir o que quer.

    Verdadeira, fala o que a gente espera ouvir, sem meias palavras.

    Inteligência ágil, assimila fácil tudo o que ouve (aprender com o ouvido é uma arte), e aprende bem.

    Ao ler a sua análise sobre "Macunaíma", percebi que o caminho dela no curso de Letras vai ser brilhante.

    Ela lê e escreve. Uma e outro, com excelência de aluna nota dez.


    É isso, Magali.

    Abraço,

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