quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Concepções de Linguagem e Ensino de Português


Concepções de Linguagem e Ensino de Português
João Wanderley Geraldi
Sírio Possenti
           
Trata-se da má utilização da língua portuguesa por estudantes brasileiros, na forma oral e escrita. A escola é responsável pela deficiência da aprendizagem da língua e o ensino é ruim. Os professores não têm culpa. Ele ensina mal porque ganha mal. O fator social e econômico determina esse fracasso. A metodologia de ensino associa-se à política. O Estado determina o que ensinar e como ensinar. A linguagem é concebida como expressão do pensamento, instrumento de comunicação e uma forma de interação. Tais concepções associam-se à gramática tradicional, ao estruturalismo e ao transformacionalismo e à lingüística da enunciação. A língua funciona determinada pela sociedade. Estudar a língua implica ensinar ao interlocutor como usá-la em ocasiões diferentes. Distintas gramáticas são trabalhadas em prol das diferenças dialetais. É possível detectar na diferença econômica dos alunos a dificuldade na aprendizagem da língua. As diferenças dialetais bloqueiam o acesso ao poder. As variedades lingüísticas devem ser valorizadas socialmente. O ensino do dialeto padrão é muito importante. Um novo conteúdo do ensino da língua portuguesa deve ser criado, para seguir a nova metodologia e a nova concepção da linguagem. A metodologia atual complica mais do que ensina. O professor é a própria linguagem em atuação, a língua sendo ensinada como interação.
Ao tratar da Gramática, o autor Sírio Possenti afirma que a novidade do assunto é mesmo a polítca. A relação é antiga, pois a Gramática está associada com a antiguidade da união entre a escola e o Estado. A Gramática prescreve o certo e o culto, porque assim o Estado deseja, a fim de manter as ideologias do poder na sociedade. Existe a Gramática que analisa como se diz e escreve, e outra que ensina como falar e escrever.
São três conceitos gramaticais, prescrição, análise e ensino, que buscam estudar cientificamente a manifestação da Língua. Os preceitos gramaticais são criados artificialmente, mas se relacionam com a língua, porque partem da observação de como a fala é processada pelas pessoas. As camadas mais ricas usam uma variante que o Estado julga ser a ideal, o padrão culto. Dele decorre o preconceito contra as outras variantes populares. A norma culta segura o poder de uma minoria.
A língua que mantém o padrão único como algo que existe como teoria e abstração gera, também, o preconceito. Para o estruturalismo, só existem emissores, receptores, codificadores e decodificadores. Para a gramática gerativa, só os enunciados ideais são verdadeiros, produzidos por falantes ideais, pertencentes a uma comunidade lingüística ideal. Preconiza a linguagem como espelho do pensamento, gerando exclusão de todas as outras funções lingüísticas.
Mas a verdade é uma só. Uma língua são muitas variantes, faladas por comunidades separadas por diversidades de costumes. É nelas que o modo de falar se enriquece, torna-se único e deve ser respeitado.

Palavras - chave: relação antiga, conceitos gramaticais, teoria e abstração, comunidades falantes, linguagem, deficiência de aprendizagem, fracasso metodológico, língua política, diferenças dialetais, dialeto padrão.





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